terça-feira, setembro 15, 2009

Meu "HD" aguenta o que leio e vejo?

A provocação é o quanto podemos e devemos saber? Existe até uma expressão criada para caracterizar esse "não sei como acompanhar toda essa velocidade de informação": a tecnoangústia, típica dos dias de hoje e que mostra que, muitas vezes, saber demais passa a ser um problema.

É muita coisa. Anualmente centenas de milhões de gigabytes são produzidos pelo homem, milhares de canais de TV e rádio, de WebTVs e WebRadios. Podcasts e videocasts. Milhares de publicações, de revistas (cada vez mais) especializadas e segmentadas. Milhões de sites, quase 100 mil novos blogs criados por dia, bilhões de emails e de tweets. E todos os números aqui crescem em escala, ano a ano. Meu HD Ufa!

Aí vem a história que é patente hoje:as famílias têm passado menos tempo juntas. O declínio no tempo dedicado à convivênvia familiar coincide com a alta (ou apenas o início?!) no uso da internet e da popularidade das redes sociais, ainda que um novo estudo não tenho atribuído à tecnologia a responsabilidade direta pela tendência. Facebook - um país digital com mais de 200 milhões de usuários, que dobrou de tamanho em menos de um ano -, Twitter, LinkedIn, MySpace, Plaxo, todos aos milhões de "habitantes"/usuários.

Se você muda - e as coisas tem sido e exigido cada vez mais essa capacidade de absorção e articulação - fica tenso; faz parte da natureza humana a rejeição à mudança, pelo menos para a grande maioria. Se você não muda a sensação passa a ser de impotência, de incompreensão, de um peixe fora d'água, o mundo na velocidade uma Ferrari e você de fusca - ou jegue.

A mim parece que essa há algo inadequado, um sentimento de opressão (ou pressão?!) de que outras pessoas fazem ou estão fazendo as coisas certas, enquanto outras ficam para trás. Essa é a leitura.Traço um paralelo entre a intensificação do uso de tecnologia da informação - o que inclui iPhone, Blackberry e outros smart phones - que nos deixam conectados o tempo todo; eu, inclusive.

Tem um intervalo, conecta. Checa email, leia sua lista "reader", ouça seu podcast, baixe um vídeo ou assista-o online. Tem wifi (rede sem fio) no lugar que você está?! Maravilha. Agora é que a navegação vai ser maior mesmo. Isso vale prá tudo: café, almoço, jantar, intervalo (do que?!), hotel, resort (se não tiver wifi não vou)... já parou para pensar nisso? As vezes você não vai para um hotel, nas suas férias, simplesmente porque ele não tem wifi para o seu net, notebook ou smartphone. Faz sentido?

Talvez quem não use o computador, smartphone, redes sociais ou algo do gênero tenham menos ansiedade com os efeitos das mudanças tecnológicas; mas isso é um palpite. Acho que a ansiedade é genérica, apenas muda de grau. Certamente essa não é a primeira nem será a última grande transforção tecnológica, num mundo que já passou da sociedade agrícola para a industrial - só para ficar em um único exemplo. Fato evidente é que a angústia, tal qual hoje, também existiu e quem conseguiu aceitar a mudança e trabalhar com ela viu um mundo com um padrão de vida (bem) melhor do que algumas décadas.


Nesse blog, sempre que posso, faço um post sobre o TED Conferences, um serviço criado por Richard Saul Wurman há exatos 25 anos. Procure entender um pouco sobre esse homem e veja essa definição fantástica do seu perfil, "o mestre do inesperado". E o que isso tem a ver com este post? Duas coisas: a primeira é o termo tecnoangústia, cunhado por ele; a segunda é minha proximidade e reverência ao serviço TED onde sou voraz participante, fã assumido do modêlo de negócio, do objetivo e tudo o que circunda o TED. Isso é assunto para um post a parte que farei em breve.

O que posso enfim concluir é que (felizmente) cada um tem um jeito de ver as coisas. Do meu lado estou no time que precisa ser e estar up-tp-date, entender para onde caminha a tecnologia e por onde a sociedade está se articulando para compreendê-la; faço porque gosto. Com a internet veio uma explosão, boa, mas cada um tem que escolher o seu caminho, com maior ou menor angústia - mas ela sempre está lá, bem de ladinho.

Giancarlo Colombo

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