sexta-feira, outubro 02, 2009

Educação de qualidade: sim, podemos - claro!

A medida dos anos, vários países adotaram exames em seus sistemas de ensino, descobrindo que podem melhorar os seus desempenhos através dos outros. Dá para aprender mais com isso? A resposta é sim!

Vou aqui buscar traçar uma visão voltada à educação, assim como fazemos com qualquer outra atividade humana e buscamos qualificá-la. As comparações internacionais deixam isso claro. Mais e mais institutos de pesquisas privados, governamentais e (principalmente) não-governamentais levantam questões cruciais do nosso dia a dia e transformam isto em dados, em pesquisas para que possamos entender como vivemos e quanto podemos melhorar os diversos ecosistemas (em sua ampla abordagem) que nos envolvem. Isso se dá quando resultados apontam o quão melhor alguns países são melhores do que outros em certos aspectos, o que fornece evidências de que a melhoria é possível. Passa a ser, então, uma questão de aumentar as expectativas, transferindo então aí os resultados dos países para os indivíduos que lá habitam.


Pergunte a um pai ou professor americano por que um aluno vai mal em matemática ou física; provavelmente você vai ouvir que tem a ver com inteligência. A mesma pergunta no Japão ou na Coréia geralmente encontrará, pelos pais e professores, uma culpa na falta de esforço do aluno. Em outros países, pais culpam os professores.


A OCDE mantém o PISA (International Student Assessment Program), usando matemática e ciências, uma das formas de comparação entre países. Num dos levantamentos viu-se que até até mesmo alguns dos melhores países do mundo têm lacunas entre alto e baixo desempenho e entre alunos de origens socialmente favorecidos e os desfavorecidos. No caso do Reino Unido, por exemplo, estas diferenças eram muito maiores do que em muitos outros países.


Até hoje as reações dos países no PISA têm variado consideravelmente. O fraco desempenho da Alemanha tem provocado um intenso debate, particularmente sobre o seu fluxo de alunos na idade de 11 anos em diferentes tipos de escolas. Para entender melhor seus resultados, o país encomendou um estudo multilateral entre os países com os quais queria comparações mais detalhadas, desenvolvendo uma matriz curricular nacional, com valores de referência para o desempenho dos alunos. Já a Dinamarca iniciou uma revisão de suas políticas de educação em relação aos da Finlândia, que tem uma performance significativamente melhor. Dá para aprender mais? De novo, sim.


A Finlândia define os objetivos de forma centralizada para daí fornecer apoio aos monitores das escolas, mas deixa para estas as escolhas sobre como as metas são para ser cumpridas. Na Inglaterra, após o desenvolvimento de estratégias centralizadas para melhorar o desempenho no idioma Inglês e Matemática, e obter franco sucesso, passa agora a dar mais liberdade aos professores e escolas na determinação dos meios para alcançar melhorias.


Alguns países - como o México, por exemplo - tem monitorado os seus sistemas via um instituto independente do seu Departamento de Educação Pública, equivalente ao nosso Ministério da Educação. O Canadá usa o método para o acompanhamento da língua, matemática e ciências. Alguns países começam a avaliar todos os seus alunos saindo das amostragens, o que abre a possibilidade de acompanhar tanto o sistema como cada escola, onde muitas decisões importantes (quase todas) afetam diretamente a aprendizagem dos alunos. Os EUA vem dando ênfase especial aos grupos de baixo desempenho.As escolas e os estados são necessários não só para produzir uma melhoria global, mas também melhorias para o momento, às minorias étnicas.


Tipicamente o investimento por aluno faz a diferença mas não é a principal resposta quando o assunto é qualidade; certamente encontramos variações consideráveis de eficiência em sistemas educacionais diferentes, em locais diferentes, em estímulos diferentes. França, Dinamarca, EUA ou Suiça investem muito mais por aluno do que Finlândia, Irlanda e Reino Unido, por exemplo, só que o resultado efetivo nos exames comparativos favorece estes últimos. Em outras palavras, a organização da sala de aula, a inovação, os métodos, tudo isso é fundamental.


A educação na sua forma atual está preocupada apenas com a transmissão do conhecimento e este modelo está falido, longe ainda do necessário à sociedade do conhecimento. Quem está mais nesta (boa) direção é a Finlândia, onde os professores têm fundamental importância para o sucesso do país; ensinar é uma profissão de status elevado lá. A entrada para a formação de professores é altamente competitiva, todos tem pós-graduação e/ou mestrado, e são incentivados com considerável liberdade para inovar em sua prática profissional. O sistema finlandês não deixa que alunos em dificuldades sigam em frente.Veja aqui seu mais recente resultado no PISA 2006.


Construir um quadro completo do que funciona - ou seja, das melhores práticas - mediante a obtenção de melhores resultados é um bom caminho para elevar os padrões em toda parte, mas leva-se tempo e é um exercício complexo. Desconheço outros modelos comparativos em nível mundial e a natureza humana sempre vai critica-los, quaisquer que sejam, na maioria das vezes simplesmente pelo fato de criticar ou por não ter participado do processo - nada mais.


Acho que se o modelo vem sendo aprimorado e neste ano quase 90% da economia global será coberta na avaliação. Se todas as nações participassem um dia de um projeto destes seria, aí sim, um avanço significativo. Com o decorrer dos anos todos sairemos ganhando e quem sabe este ou outro sistema comece também a avaliar outras faixas etárias que o PISA não atende. E certamente com o avanço das TICs várias coisas serão aprimoradas nas avaliações futuras. As novas novas gerações do conhecimento, das redes sociais, da colaboração agradecem.



Giancarlo Colombo



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