segunda-feira, março 16, 2009

Época

O poder das redes digitais

As tecnologias digitais criam novos caminhos para ligar pessoas com as mesmas afinidades, que antes estavam separadas geograficamente, por status econômico e social, por etnia ou religião. Aqui, três exemplos modelares de grupos que aprendem a tirar partido das redes virtuais

por Peter Fisk
O mercado das redes digitais é ilimitado em alcance, riqueza e relacionamentos. Espalha-se como fogo. Seu conteúdo e conexões crescem exponencialmente, são infinitos em velocidade e fronteiras, e frequentemente livres para utilização. Não é sem razão que as redes são descritas como os alicerces de uma nova era de negócios e uma plataforma pela qual se constrói rapidamente o crescimento sustentável. Pensávamos que os mercados eram domínios ambientais, aguardando pacientemente para ser atendidos. Eles eram definidos em termos geográficos, por categoria ou grupos socioeconômicos. Nossos concorrentes também definiam suas áreas e podíamos avaliar o sucesso relativo comparando as participações de mercado.

Mas hoje os melhores mercados são as redes. Elas são organizadas e inteligentes. Movem-se facilmente por meio de limites físicos e pelo fato de as pessoas terem razões coletivas para estar juntas, e também necessidades, motivações, preferências e lealdades coletivas. As redes existem em todos os tamanhos e formatos: físicas, virtuais, estruturadas e as que se autodesenvolvem. As tecnologias digitais criam novos caminhos para ligar pessoas com as mesmas afinidades, que antes estavam separadas geograficamente, por status econômico e social, por etnia ou religião. Essas pessoas se conectam com uma profunda paixão. Seus interesses ou atividades as unem e conduzem suas prioridades. Suas atitudes, comportamentos, coisas que gostam ou desgostam são formados uns a partir dos outros pelos modelos de seus papéis coletivos. Falam entre si e, algumas vezes, agem em conjunto.

Dizem que todos no planeta estão separados por uma “distância” de apenas seis pessoas. Esse é o poder das redes. O valor de uma rede não reside em seu tamanho, em quantas pessoas a ela pertencem, mas no número de conexões entre essas pessoas. Se o site de jardinagem pudesse explorar o mundo dos adoradores de rosas ou dos fanáticos por gramados planos, então ele se tornaria especial para eles. Se pudesse facilitar o compartilhamento de suas paixões, eles se conectariam todos os dias. Se um site de música pudesse identificar um nicho de gênero de música em que as paixões fossem intensas e a lealdade aos artistas profunda, então poderia atrair todo o grupo. Se esse grupo já tivesse alguma forma de rede, ele poderia explorá-la, tornando as coisas muito mais fáceis e rápidas.

MySpace, YouTube e Flickr, sites descritos como de segunda geração (ou de web 2.0), permitem a colaboração, a geração e o compartilhamento de conteúdos entre os usuários. Da mesma forma, no mundo de negócios, empresas como a Procter & Gamble construíram redes de parceiros, ou ecossistemas de negócios, nos quais novas ideias e inovações são criadas em parcerias. Elas representam comunidades online que alguns consideram redes sociais, mas que também formam a base da produção colaborativa. Como nunca antes, milhões de pessoas no mundo podem participar dessa modalidade econômica, vendendo antiguidades por meio do eBay, carregando documentários caseiros para a Current TV, remixando músicas no iTunes, desenvolvendo novos softwares, encontrando cura para doenças ou sequenciando o genoma humano.

O valor dessas redes reside no conteúdo desenvolvido por suas conexões. A escala é assustadora. Somente em 2007, foram vistos mensalmente 7 bilhões de vídeos gerados por usuários. Nos Estados Unidos, 30% dos internautas acessaram o YouTube, o iTunes e a Wikipédia mensalmente. À medida que a banda larga voa alto e a velocidade das conexões acelera, as pessoas são atraídas para essa rica e interativa rede social de conteúdo personalizado e instantâneo.

E a mídia, como fica? Na mídia tradicional, o acesso é controlado pela localização e o horário; o conteúdo é produzido, editado e distribuído mediante pagamento; a experiência é profissional, padronizada, transacional e previsível. O público é um consumidor passivo. Na mídia em rede, o acesso está aberto a qualquer um, de qualquer lugar, a qualquer momento. O conteúdo é autogerado e distribuído gratuitamente. A experiência é colaborativa, baseada nos interesses e nos relacionamentos dos usuários. O público é um criador ativo. Como um negócio ou uma marca, as empresas querem participar dessas redes, em especial daquelas com perfil semelhante ao de seus clientes-alvo. Se elas não podem ser proprietárias de comunidades de clientes, podem influenciá-las e apoiá-las. Podem escutá-las e aprender com elas, e encorajá-las em relação à sua marca.

As redes oferecem novas oportunidades: alcançar novos públicos, atingir com precisão determinados segmentos de forma mais pessoal, oferecer soluções mais abrangentes e apresentar uma experiência de marca mais rica para cada cliente.

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