quarta-feira, março 11, 2009

Educação e tecnologia precisam se encontrar no Brasil


Bom, ter um blog é escrever e também ver coisas interessantes, que tem sentido para esse espaço, e - com o devido crédito - inserir uma matéria ou um artigo até para ampliar o veículo que a produziu.

Particularmente tenho a sorte de ter uma grande amiga e jornalista, Marisa Torres, que há um bom tempo está a frente do CanalRH, da VR/Sodexho.

Profissionalíssima, ela mudou a roupagem de tudo por lá e tem feito um trabalho de conteúdo de fazer inveja para muitos grupos editoriais. Esse artigo foi escrito pelo Leandro Fernandes.

[ Já há algum tempo, o Brasil é um dos países onde as pessoas permanecem mais tempo conectadas à rede mundial de computadores. No entanto, quando o assunto é o uso da internet para auxiliar o processo de ensino, o País ainda tem um longo caminho a percorrer. É o que mostra o livro "A Geração Interativa na Ibero-América: crianças e adolescentes diante das telas", um estudo realizado com mais de 25 mil estudantes com idade entre 6 e 18 de escolas públicas e privadas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela e que traz informações sobre o uso de diferentes tecnologias por parte desse público.

De acordo com a pesquisa, no Brasil, quase metade dos estudantes afirmam que nenhum professor utiliza a internet para explicar a matéria dada ou estimula o uso da rede. O dado mostra o descompasso entre a velocidade de penetração da tecnologia no dia-a-dia dessas crianças e adolescentes (segundo a pesquisa quase 70% dos estudantes têm computador em casa e navegam mais de duas horas por dia) e a capacidade das instituições de ensino em incorporar esses recursos para melhorar e tornar mais interessante para esses jovens o processo de aprendizado.

“Durante muito tempo, os professores tinham dúvida a respeito do quanto um computador poderia ajudar a escola. Esse medo da máquina fez com que, até o final dos anos 90, o impacto da tecnologia na sala de aula fosse praticamente nulo, pois a escola não sabia transformá-la numa ferramenta pedagógica”, diz a secretária de Estado da Educação, Maria Helena de Castro. Ela frisa que com o boom da Internet isso mudou um pouco de figura. “Muitas instituições já utilizam de tecnologia para melhorar os processos de aprendizagem e nós professores perdemos um pouco de medo das máquinas, que os alunos dominam com tanta naturalidade”, diz.

Para Rogério da Costa, pesquisador do Laboratório de Inteligência Coletiva (Linc), as instituições de ensino precisam acelerar o passo para não ficarem tão para trás no uso das tecnologias aplicadas ao ensino. “Durante mais de uma década os educadores discutiram formas de incorporar o computador à sala de aula. E agora, o dilema que logo virá será o de como incorporar o Celular ao processo educacional”, diz ele, baseado no dado que diz que 80% dos estudantes entre 10 e 18 anos têm celular. Ele afirma ainda que as instituições de ensino terão de se acostumar com o fato de que não estão mais com o domínio total sobre o processo de criação de conhecimento. Afinal, segundo mostra a pesquisa, cerca de 20% dos estudantes brasileiros possuem um blog ou fotolog.

Charo Sádaba, da universidade de comunicação de Navarra, na Espanha, e uma das coordenadoras do estudo, ressalta a importância de os professores e pais, a quem ela apelida de imigrantes digitais, passarem a atuar de forma mais presente na tarefa de mediar o uso das tecnologias pelos estudantes. “Não podemos deixar essa responsabilidade nas mãos desses nativos digitais, ainda que suas habilidades com essas tecnologias sejam apuradas”, diz.

A diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec ), Maria do Carmo Brant de Carvalho, salienta no entanto que a questão do filtro e do controle sobre o conteúdo acessado ou criado pelos jovens é algo delicado e que deve ser visto com cautela. “Trata-se de uma questão moral porque a criança está aprendendo a sociabilizar, a confiar. E com o uso da tecnologia muitas vezes ela fará isso virtualmente”, explica. “Portanto, é preciso que nos questionemos a respeito dos limites para os filtros que iremos impor, para que a liberdade que os jovens exercem dentro dos meios interativos não seja cerceada, inserindo-os no mundo do medo, onde eles terão dificuldade de confiar”.]


GC (texto de Leandro Fernandes, CanalRH)

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