segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Webcurrículo: internet e educação integradas


Faz um certo tempo li um artigo sobre uso de das novas tecnologias da professora da PUC/SP, Maria Elizabeth Bianconcini, quando então lançava um seminário com o título deste post.

Ela lamenta que mesmo passada mais de uma década depois do início da popularização da internet no Brasil e quase dois anos após as primeiras discussões sobre o projeto Um Computador por Aluno (UCA/OLPC), que deveria disponibilizar laptops de baixo custo para os estudantes da rede pública brasileira, as escolas continuem distantes de absorver as novas tecnologias.

Para minimizar esse problema, especialistas ligados ao programa de pós-graduação da universidade colocam no centro do debate a importância de se aumentar a integração entre a internet e todo o fazer pedagógico, método conhecido como webcurrículo. A pesquisadora cita ainda - com razão - que ainda existe um deslocamento espacial até o laboratório de computação, que enfatiza a distância entre sala de aula e uso das novas tecnologias.

A pesquisadora enxerga uma falta generalizada de cultura digital dos professores envolvidos com projetos ligados ao uso do computador nas escolas e isso se mostra um grande empecilho ao uso efetivo das tecnologias como facilitadoras do aprendizado. Segundo ela, esse tipo de atitude acaba trazendo apenas resultados pontuais, mas não necessariamente efetivos e de longa duração. Ela vê a necessidade de integrar essas duas coisas, fazer com que ambas se transformem mutuamente numa perspectiva de integração que mude as práticas pedagógicas e a forma com que se usa a internet e as tecnologias de comunicação.

E essa discussão não é nova. Há pelo menos 18 anos a Escola do Futuro na Universidade de São Paulo (USP), criada pelo Presidente da ABED e meu guia, o Professor Fredric Litto, desenvolve pesquisas colocando a educação em uma perspectiva integrada com novas tecnologias.

Outro grande professor e guia, José Manuel Moran, também da USP, vê também que esta integração plena internet/aprendizado é mais recente. Ele diz - e concordo - que a escola ganharia com a flexibilização, pois os alunos atualmente se sentem perdidos em um ambiente arbitrário, moroso e castrador totalmente diferente da realidade fluida que corre fora dos muros da escola. E cita ainda que as atuais dificuldades e situações que causam violência contra professores evidenciam o choque de gerações dentro da sala de aula, fruto de uma escola obsoleta. O cenário atual é ainda composto pela falta de preparo dos professores, má remuneração dos profissionais e convivência em uma estrutura engessada e que não tem interesse em assimilar novidades, em contraposição ao que deveria ser um espaço vivo de aprendizagem.

O texto do artigo continua com o Coordenador do NIED da Unicamp, João Vilhete d'Abreu, citando que até o vocabulário que descreve o funcionamento da escola como ‘grade’ curricular, ‘controle’ de presença ou ‘planos’ de aula dá uma idéia do quanto esse espaço é refratário a novas atitudes. Ele entende que não há como pensar em uma vivência sem internet fora da escola como se pensa o aprendizado sem a internet e que aponta a ênfase dos críticos na palavra anarquia r- esultando em um excesso de zelo e de regulamentações, fruto de um Estado centralizador e controlador.

No último trimestre do ano passado foi aprovada uma lei aqui no Estado de S.Paulo que permite que até 20% das aulas no ensino médio podem ser à distância, mas a posição da rede pública de ensino foi, imediatamente, contrária à lei. O que preciso dizer mais? Há uma desconfiança de que o ensino online será pior, e isso é puro preconceito - pra não dizer medo do desconhecido. O

A Professora Maria Elizabeth exemplifica como a integração da internet com o dia-a-dia da sala de aula pode modificar positivamente os ambientes. Ela cita o exemplo de uma escola da rede pública em Palmas (TO) onde o uso do computador durante os 45 minutos de aula não condiziam com o tempo ideal para a realização das atividades propostas. A idéia foi aumentar a atividade para duas horas e, com isso, foi necessário repensar e modificar significativamente todo o planejamento de aula. Além dos laboratórios de computação houve modificou-se os espaços da escola, incluindo a biblioteca, de uma forma a ocupar, de uma forma mais fluida, os tempos de aprendizado.

Enfim, sem um pensar diferente, sem sair do estabelecido, fica difícil fazer qualquer tentativa. Sei que o número de defensores de um projeto de webcurrículo, de modelos de aprendizagem online tem crescido de forma consistente e certamente essa nova geração vai beneficiar-se de tudo o que estamos preparando para eles.


GC (com fonte CMNews)

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