terça-feira, outubro 14, 2008

Guia do MBA - Cresce procura por curso direcionado

13/10/2008 - Jovens profissionais buscam fortalecer base teórica em áreas como marketing, construção civil e finanças

BRUNA MARTINS FONTES
EDITORA-ASSISTENTE DE SUPLEMENTOS

Nascido como um curso de conhecimentos gerais em gestão, o MBA (Master in Business Administration) ganha contornos cada vez mais específicos.
Varejo, saúde, construção civil, direito e marketing são alguns dos temas que passam a fazer parte do programa, especialmente para dar base teórica a quem atua nessas áreas sem ter se formado nelas.
"Ainda há demanda maior por MBAs amplos. Mas, nos últimos tempos, cresce a procura por cursos específicos", diz Paulo Lemos, 65, superintendente regional da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).
Com a diversidade de oferta, profissionais se vêem em dúvida na hora de escolher o teor da especialização. É melhor apostar em um MBA executivo, que tem uma grade encorpada em administração, ou partir para um curso direcionado?
Para ajudar a resolver o dilema, a primeira ação é definir um objetivo: complementar conhecimentos específicos ou se aprofundar na área de gestão.
A longevidade da carreira ajuda a decidir. A maioria das escolas espera alunos que tenham ao menos cinco anos de experiência profissional, para que possam aproveitar bem as discussões e os estudos de caso.
Entre esses, a dica de consultores é que os mais jovens ou que não tenham cargos em nível de gerência façam um curso focado em uma área. Isso dará noções de gestão e fundamentação teórica nos temas comuns ao dia-a-dia na empresa.
Já o MBA executivo é recomendado a quem acumula mais experiência e é responsável por tomar decisões e traçar estratégias da empresa.
"O público-alvo do MBA executivo, nos moldes norte-americanos e europeus, é de profissionais com experiência entre dez e 25 anos e posição gerencial, em que lidam com atividades multifuncionais que abrangem planejamento estratégico e tomada de decisões", completa Anne Nemer, 41, diretora do International Executive MBA da Universidade de Pittsburgh.

Comparando programas
Para ajudar a conhecer um pouco mais o teor desses cursos, a Folha escolheu um MBA centrado em gestão e um com foco em um tema nas cinco escolas mais bem avaliadas em pesquisa Datafolha de 2007.
São FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), USP (Universidade de São Paulo), Ibmec São Paulo, FIA (Fundação Instituto de Administração) e ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Os cursos mais procurados foram os de gestão (22%) e os de marketing (10%), diz a pesquisa.
A escolha do MBA direcionado de cada escola levou em conta critérios como demanda dos alunos -é o caso de marketing e de direito- e áreas da economia que estão aquecidas e pedem profissionais mais especializados, como finanças, varejo e construção civil.
Confira, nesta edição, como são estruturados esses programas, sua grade curricular e o que pensam ex-alunos.

MEC E CAPES DESISTEM DA AVALIAÇÃO DOS MBAS

EDUARDO CAMPOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar de ter cogitado, em 2006, avaliar especializações -entre elas, os MBAs-, o MEC (Ministério da Educação) desistiu da idéia. A tarefa seria da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que teria de apreciar 8.866 cursos de especialização.
Por enquanto, os candidatos devem checar o currículo do curso, a titulação de docentes e sua atuação no mercado, segundo Luca Borroni, 46, presidente da Anamba (Associação Nacional de MBA).
Qualquer instituição de ensino superior credenciada pelo MEC pode oferecer o curso, desde que ele tenha 360 horas e metade dos professores sejam mestres ou doutores.

Projeção da carreira dita melhor hora para o MBA

Iniciante, que não toma decisões, não aproveita benefícios do curso

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De trampolim para ascensão profissional, até o melhor curso de MBA pode virar um desperdício de tempo e de dinheiro se não for feito na hora certa.
"O curso adequado é o interessante para a carreira em quatro, cinco anos. Não adianta procurar o que será útil em 15 anos", diz Paulo Lemos, superintendente regional da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas).
Antes de se inscrever, segundo o professor, devem-se analisar as possibilidades de crescimento no futuro próximo. O curso é para profissionais em posições de nível gerencial e que tenham experiência de sete a dez anos.
"No começo da vida profissional, o papel das pessoas nas empresas é muito específico e técnico. Não tomam decisões, amparam o trabalho de quem define estratégias", afirma Anne Nemer, diretora do International Executive MBA da Universidade de Pittsburgh.
Como um MBA pode alavancar o crescimento profissional, muitos ficam ansiosos e procuram fazê-lo antes da hora -às vezes, logo depois da faculdade.
"Pessoas que ainda não são responsáveis pelo trabalho de uma equipe não acompanham as discussões em uma classe de MBA", aponta Marisabel Ribeiro, 50, diretora de desenvolvimento da Right Management.
Nesses casos, os alunos assimilam conteúdos de maneira apenas teórica. "É difícil ensinar liderança para quem nunca liderou", completa Osvino de Souza Filho, 55, coordenador dos programas de pós da Fundação Dom Cabral.

Adiando a família
Queimar etapas traz efeitos indesejáveis até no trabalho. "Se o profissional anuncia na empresa que faz MBA e todos sabem que não é a hora certa, seu discurso pode ser questionado por colegas", diz Ribeiro.
Cursos de especialização de caráter menos amplo são mais adequados para quem tem até quatro anos de formado. "É mais proveitoso fazer pós com ligação com suas atividades, como cursos intensivos de quatro meses sobre um determinado assunto", aconselha Ribeiro.
Rodrigo Del Claro, 30, diretor de relacionamento da Crivo, faz o MBA executivo do Ibmec-SP há cinco meses, e já passou por diferentes experiências em cargos gerenciais.
"Agora tenho uma posição estratégica e lido com criação e implementação de ações", diz.
Ele já havia feito três cursos de especialização -em gestão de projetos, marketing de serviços e planejamento e controle empresarial. "Não absorvi tudo o que podia. Tinha aula sobre balanço, por exemplo, mas nunca via um no trabalho."
Ele refletiu bastante antes de decidir fazer o curso. "Minha mulher e eu estamos casados há três anos e queremos ter um filho. Mas não seria possível conciliar isso com o MBA", conta. Resolveram esperar um pouco mais para ter o bebê. (ECL)

Objetivo e currículo devem se aliar

Selecionadores avaliam se a motivação do candidato é coerente com sua experiência

DA REDAÇÃO

Seleções para cursos de MBA têm etapas iguais, como avaliação da experiência profissional, prova e entrevista. O que muda é a ordem dos fatores.
Na primeira fase, a de preencher formulário no site da escola, saber por que fazer o curso é tão importante quanto as credenciais profissionais. "Procuramos identificar se há coerência entre o currículo e os objetivos", conta Leandro Silveira Pereira, 32, coordenador-executivo do GVLaw, da FGV-SP.
"Perguntamos ao aluno o motivo de sua escolha. A resposta que esperamos é que ele quer formação ampla, com visão estratégica", diz Almir Souza, coordenador do MBA em gestão empresarial da FIA.
A prova costuma avaliar as habilidades do candidato. "Analisamos o inglês e a capacidade de fazer analogias e de agregar experiência para a turma", explica Claudio Felisoni de Angelo, coordenador do MBA em varejo da FIA.
Para ingressar no Ceag, na FGV-SP, não basta atingir boa média. "Há nota mínima, definida estatisticamente, com base no desempenho geral na prova", diz José Ernesto Gonçalves, coordenador do curso.
Por fim vem a entrevista, tira-teima das intenções e das competências do candidato. No Ibmec São Paulo, um consultor avalia o perfil do profissional.
Fonte: Folha de São Paulo

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