terça-feira, outubro 14, 2008

Brasil terá 230 mil vagas para setor de TI em até quatro anos

14/10 - SÃO PAULO - O Brasil ocupa hoje a 11ª posição no ranking mundial de Tecnologia da Informação (TI), tendo movimentado em 2007 cerca de US$ 10 bilhões. As empresas do segmento financeiro são as que mais consomem serviços de TI no País, contribuindo com 36% do faturamento das empresas. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam de que, mesmo com a crise no cenário internacional, a partir de 2010, a produção de software no Brasil deverá ampliar as exportações do setor em mais US$ 3,5 bilhões. Toda essa demanda faz com que o Brasil passe por um momento de escassez de profissionais no mercado de Tecnologia da Informação (TI) - há cerca de 30 mil vagas em aberto no setor, de acordo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM).

Conforme a entidade, em quatro anos serão lançados 230 mil postos de trabalho na área de tecnologia no Brasil, sendo que o Ministério da Ciência e Tecnologia afirma estar investindo para que até lá sejam formados 100 mil profissionais. Ou seja, com os profissionais já existentes mais os futuros formados, serão 170 mil pessoas. Ainda assim, o mercado permanecerá com um déficit de 60 mil profissionais qualificados até o período estipulado.

Uma das grandes dificuldades do mercado é o número de alunos que abandonamos cursos de TI: em 2006, 44,9 alunos ingressaram em alguma instituição de ensino na área de TI no País, mas apenas 16,9 mil concluíram a faculdade, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), vinculado ao MEC.

Luciana de Pieri, Gerente de RH da Tata Consultancy Services (TCS), empresa indiana de tecnologia da informação do Grupo Tata - que faturou US$ 28,8 bilhões em 2007 -, acredita que o grande índice de desistência dos bancos escolares deve-se à falta de maneiras de incentivar as pessoas a concluírem a graduação. "Os alunos começam a trabalhar e, como muitas vezes os módulos não suprem as necessidades profissionais dessas pessoas, elas acabam desistindo. Muitos trabalham na área sem ter a graduação", afirma.

Para driblar a intensa falta de profissionais no mercado, a TCS tem parcerias com instituições de ensino, como Impacta, especializada em cursos de TI, Anhembi Morumbi e Fundação Bradesco, com grades de aula que estão de acordo com o perfil de profissional que a empresa precisa. "O aluno passa três meses em treinamento, na sala de aula, e mais seis em treinamento, na empresa. Esta foi a forma que encontramos de formar profissionais exatamente com o perfil que precisamos", finaliza.

Jairo Cardoso de Oliveira, chief operating officer da Siemens IT Solutions and Services, explica que outro problema sério no mercado de TI são os profissionais que não dominam idiomas estrangeiros.

"Muitas vezes conseguimos um profissional sênior, mas ele não domina outro idioma. Ou seja, ele entende perfeitamente os processos, mas não consegue se comunicar com o time global", explica. Para solucionar o problema, a Siemens oferece ao profissional um treinamento em idiomas e absorve o profissional, sempre de acordo com seu desempenho na função.

A catarinense Sênior Sistemas, desenvolvedora de softwares de gestão empresarial, também aposta na capacitação profissional como iniciativa própria para conseguir suprir a falta de profissionais do mercado e, para isso, fez parcerias com a Faculdade de Ciência e Tecnologia do Vale (FCTV) e com a Edubrix, consultoria em educação corporativa, para criar um curso de pós-graduação a distância para formar consultores de tecnologia.

"O objetivo da iniciativa é capacitar profissionais para suprir a demanda de especialistas em Tecnologia da Informação, principalmente consultores de implantação. Os alunos que apresentarem melhor desenvoltura nos trabalhos em equipe serão contratados no final do curso", disse Omar Lorenzini Júnior, diretor de Serviços da Sênior Sistemas.

Para Julio Cunha, diretor executivo da Edubrix, "a grande demanda do País é gerada pelo mercado interno, que precisa informatizar os negócios". O diretor executivo da Associação Brasileira de das Empresas de Software e Comunicação (BRASSCOM), Sérgio Sgobbi, aposta que o mercado brasileiro continuará em busca de profissionais qualificados mesmo com a crise, que "vai afetar mais o mercado interno. As exportações seguirão", afirma.

Incentivo

Em maio, o Governo Federal aprovou um pacote de medidas (Política de Desenvolvimento Produtivo), para incentivar a exportação de softwares brasileiros: Isenção de 10% nas contribuições trabalhistas, redução de 3,1% nas contribuições ao Sistema S (Sesc, Senai e Sesi) e redução na contribuição do imposto de renda se investir em educação.


Fonte: DCI ON LINE

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