terça-feira, julho 01, 2008

Procura-se profissional qualificado

Estávamos aqui na empresa discutindo dados recentes sobre a educação de forma geral, pois atuamos neste segmento, principalmente o corporativo.

Chegamos a um consenso que há, sim, preocupação, mas que ela não se mostra estruturada. Existem ações isoladas que tem mérito pelo simples fato de "serem ações" - mesmo que aí sejam reações de um cenário desenhado há alguns anos e que nós deixamos passar, acreditando que tudo poderia ajeitar-se, ou seja, que o mercado aceitaria o material humano disponível. Ledo engano.

Muito tempo perdemos e agora - ao invés de irmos ao encontro da competitividade - deparamos por um lado com a falta generalizada de qualificação e, por outro, com o (absurdo) excesso de mão-de-obra em determinados setores, fruto da falta de visão e principalmente de acreditar na oferta de novos cursos segmentados.

Vamos ao fato com alguns dados retirados do DCI para ilustrar a nossa preocupação e, claro, como reais otimistas que realmente somos, nossa ponderação, esperança e trabalho na construção de um bom caminho para o país.

O número de vagas de trabalho cresceu quase 7% no Brasil em 2007 e continua a crescer neste ano. Se a oferta de emprego, porém, aumentou, setores da economia necessitam de mão-de-obra qualificada e não a encontram.

As empresas tentam preencher suas vagas, mas não conseguem trabalhadores aptos a desempenhar algumas funções.

A construção civil, que representa 18% da indústria brasileira, queixa-se da falta de profissionais qualificados, de engenheiros civis a operadores de grua. A agricultura padece do mesmo problema. Proprietários rurais reclamam de que um dos entraves para o maior avanço da tecnologia no campo é a falta de operários especializados para operar os modernos tratores que adquiriram.

Em alguns casos, essa carência está sendo resolvida porque empresas como a Petrobras e a Vale oferecem a seus empregados, e mesmo a funcionários terceirizados, cursos gratuitos de qualificação, em nível técnico e até superior. São políticas setorizadas que amenizam o problema.

Mas do que o País se ressente mesmo é de uma estratégia de investimentos em educação -como fizeram a China, o Japão, a Coréia e a Índia-, orientada para as áreas em que somos mais carentes de profissionalização. Essa deficiência atrapalha o desenvolvimento e a atração de empresas de tecnologia de ponta, que deixam de se instalar no País porque não encontram trabalhadores especializados.

Também prejudica a nossa competitividade, pois condena o País a ser exportador de matéria-prima e não de produtos de valor agregado. Países desenvolvidos também estão à procura de profissionais de alto nível, só que a escassez de mão-de-obra tem outras causas. É o caso da Alemanha, onde o motivo é a baixa taxa de natalidade aliada à aposentadoria precoce. Como resultado, aumenta a demanda por jovens com alta qualificação e ensino superior formados nos países periféricos, que são atraídos por melhores salários pagos fora dos seus países de origem.

No Brasil, apesar dos avanços, a educação não tem a atenção que merece e o ensino não é planejado como deveria. As universidades formam uma grande quantidade de alunos para um mercado profissional saturado das mesmas profissões, não há estímulos ou escolas suficientes em regiões onde há falta de profissionais.

No nível médio, o ensino técnico e tecnológico é negligenciado. O Estado de São Paulo quer se destacar como exceção nesse campo, de um lado incentivando a educação básica e de outro, desenvolvendo o ensino tecnológico -duas iniciativas que merecem destaque.

Em Campinas, um grupo de empresários propôs à sociedade um Pacto pela Educação. O movimento agrega a secretaria municipal e a secretaria estadual da Educação para desenvolver iniciativas que contribuam para o desenvolvimento da educação básica. Ótimo seria a multiplicação de pactos do gênero, uma mobilização nacional da sociedade e de todas as esferas de governo-municipal, estadual e federal- em favor da Educação.No âmbito estadual, o governo vem ampliando o número de Faculdades de Tecnologia (Fatec), e de Escolas Técnicas(ETC). Em 2006, São Paulo possuía 26 Fatec. Este ano foram entregues mais 13. Hoje temos 39 e em 2010 a intenção é chegar a 52 Fatec.

Nas ETC, o objetivo é criar 100 mil novas vagas e chegar a 177.500 alunos matriculados em 2011. No ensino médio, a meta é criar 51.150 novas vagas e atingir um total de 54.739 alunos matriculados, até 2011. Daqui a mais dois anos, o governo se comprometeu a atender 21.141 novos alunos.Vale ressaltar que a maioria dos que se graduam nas Fatec e nas ETC encontra colocações no mercado, o que comprova que estamos no rumo certo.

Outra iniciativa positiva tomada é a pesquisa encomendada pela Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho à Fundação Seade para identificar os municípios e as regiões que são mais carentes de mão-de-obra qualificada e as profissões mais procuradas. O estudo vai nortear a política de qualificação profissional do estado. Seus resultados podem indicar os caminhos corretos para os investimentos governamentais e privados na Educação, em escolas e universidades, dentro de uma política estratégica de desenvolvimento econômico para o estado.

Esperamos muitos anos para chegar num estágio positivo. É bom acreditar que podemos, sim, competir. Temos que imediatamente planejarmos e trabalharmos para educar todo o país, todos os dias, e não perdemos o trem-bala que passa.

[]s,

Nenhum comentário:

Postar um comentário