terça-feira, novembro 04, 2008

Distância vencida

04/11/2008 - Introduzido há quase uma década no Brasil, o ensino corporativo a distância ganha força entre as grandes e médias empresas brasileiras, que enxergam na ferramenta uma boa opção para não só qualificar seus colaboradores, e com isso reter os melhores talentos, mas também para baratear custos. Dados da Global Industry Analysts (GIA) apontam que o mercado global de e-learning deverá movimentar cerca de US$ 52 bilhões até 2010, com crescimento médio anual entre 15% e 30%. No Brasil, no entanto, esse desenvolvimento deverá ser mais acelerado. Especialistas acreditam que o setor cresça cerca de 50% ao ano.

Num país com as dimensões geográficas do Brasil, o ensino corporativo a distância vê sua importância aumentar ainda mais, na medida em que reduz custos em viagens e hospedagem para colaboradores em treinamentos e cursos. Mas suas vantagens não terminam por aí: o e-learning agrega valor tanto ao colaborador e quanto à própria companhia.

"A partir daí, a empresa tem muito mais facilidade para reter os melhores talentos, bem como atrair outros executivos. Quem não quer trabalhar num local em que o funcionário é valorizado?", afirma Claudio Machado, diretor da Intervir, companhia especializada em soluções tecnológicas de e-learning.

Segundo Machado, o ensino corporativo a distância foi inicialmente introduzido no Brasil por multinacionais que já utilizavam a ferramenta em suas matrizes. "Houve um grande impulso no final do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o ensino a distância foi regulamentado pelo Ministério da Educação (MEC). Não há fontes precisas, mas estimo que o setor movimente cerca de R$ 525 milhões ao ano no Brasil", afirma.

A mineradora Vale investe no e-learning desde 2003, quando, em junho, criou a Universidade Corporativa Valer, que reúne todos os programas e projetos multidisciplinares voltados para a educação corporativa. "O Valer, que começou com o conceito de e-learning, cresceu e se transformou num departamento dentro da empresa. Hoje, está em 21 unidades da empresa no Brasil, além de três no exterior: China, Suíça e Austrália. Ao todo, 60 mil funcionários são atendidos", revela a gerente de gestão do conhecimento da Vale, Ana Claudia Freire.

Segundo Ana Claudia, ao fomentar uma série de capacitações, o Valer propicia um desenvolvimento constante das competências dos funcionários da empresa. "É claro que não é só isso que faz da Vale uma companhia em que as pessoas têm interesse em trabalhar, mas, com certeza, ajuda a reter bons profissionais, bem como atrair novos talentos para a empresa", afirma.

Já a operadora de telefonia móvel TIM dispõe de um programa que atende 50 mil funcionários. "Ao todo, disponibilizamos 270 cursos, atendendo dos mais altos executivos aos estagiários", explica Jane Teixeira, gerente de treinamento e desenvolvimento de RH. Segundo Jane, o programa nasceu da necessidade de atender as operações da ponta do negócio: o departamento comercial e o call center. "Os primeiros movimentos aconteceram em 2006. No ano passado, o programa ganhou corpo e, este ano, foi ampliado, numa tendência que devemos intensificar daqui para frente. Alguns treinamentos são obrigatórios, mas há outros voltados para desenvolvimento profissional do colaborador", diz a executiva.

Para Machado, da Intervir, o e-learning também está se tornando acessível para empresas de médio porte. "As grandes corporações já destinam há algum tempo um polpudo orçamento para esse fim, mas, desde o ano passado, observo um movimento por parte das médias, especialmente nos setores de serviço".



hierarquia. Os conteúdos programáticos explorados pelas companhias são voltados para todos os níveis hierárquicos e vão desde educação básica e cidadania corporativa a formação e especialização profissional e desenvolvimento de lideranças. "Nossos clientes lançam programas para estagiários e executivos", afirma.

O ensino corporativo a distância vai além da internet. Hoje, várias mídias são utilizadas nos cursos e treinamentos desenvolvidos pelas empresas. Teleconferências e videoconferências, por exemplo, ganham cada vez mais espaço. "Hoje, 70% de nossos clientes optam por programas que utilizam um mix de mídias. As videoconferências estão em alta porque possibilitam uma interação que as demais não oferecem. Com ela, por exemplo, o aluno tira todas suas dúvidas na hora. Ainda assim, é muito difícil não usarem a internet", revela.

A Vale, por exemplo, utiliza um mix de mídias. "Oferecemos aulas por computador, videoconferências, material impresso, rádio, entre outras mídias. A idéia é combinar todas essas possibilidades, pois é importante criar diferentes formas de aprendizado para atender os diferentes estilos de cada um dos nossos funcionários. Mês passado, por exemplo, finalizamos um treinamento de um novo sistema para 7 mil funcionários", afirma Adriano Goes, gerente de tecnologia educacional da Vale.

Apesar de todo o esforço por parte dos gestores de recursos humanos, a evasão é uma realidade nos programas de e-learning. "Por conta disso, o acompanhamento é fundamental. Em parceria com os departamentos de RH monitoramos todos os colaboradores, mas isso também não é tudo. O programa deve ser simples, de fácil entendimento e, acima de tudo, atrativo. O colaborador tem que se identificar com o treinamento, para assim criar interação com a metodologia implantada", afirma Machado.

Para Ana Claudia Freire, a evasão estará presente em qualquer estilo de aprendizado, seja este qual for. "O bom professor é aquele que consegue atrair a atenção de seu aluno. Esse é o foco do Valer. Procuramos criar e usar ferramentas que atendam aos gostos e estilos dos funcionários, pois de nada vai adiantar eles comparecerem e participarem de todos os treinamentos e cursos se não estiverem, de fato, envolvidos com o aprendizado".

Para combater a evasão e obter resultados mais efetivos com seus programas de ensino corporativo a distância, Vale e TIM utilizam um sistema de tutoria, com acompanhamento constante do desempenho dos colaboradores. "O papel da tutoria é muito importante. Fazemos relatórios gerenciais, mapeando e avaliando o aprendizado oferecido. Ele não existe para controlar o profissional. Pelo contrário, serve para motivá-lo e ajudá-lo em qualquer dificuldade", afirma Jane Teixeira, da TIM.
Fonte: Jornal do Commercio Brasil - RJ

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