terça-feira, outubro 21, 2008

Tecnologia para vencer a distância

21/10/2008 - Em quatro anos, o número de estudantes da educação a distância passou de 49 mil para 207 mil no Brasil. O crescimento é impulsionado pelo surgimento de novidades tecnológicas

Esqueça a sala de aula tradicional. Pense num encontro físico com o professor apenas uma vez por semana e na possibilidade de o aluno carregar o conteúdo das aulas num aparelho do tamanho de um celular, podendo assisti-las em qualquer lugar, a qualquer tempo, sem necessidade de conexão com internet. Ou então imagine um encontro virtual, também semanal, via satélite, em telessalas, com a possibilidade de interação com o mestre em tempo real, por um telefone sem fio.

As duas realidades já são possíveis para milhares de estudantes que aderiram à educação a distância no país, modalidade de ensino que ganha cada vez mais adeptos. Nos últimos três anos o aumento no número de alunos matriculados em cursos a distância em instituições regulamentadas pelo Ministério da Educação (MEC) foi de 213,8%, conforme dados do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta a Distância (Abraed) de 2008. Desde que foi publicado o primeiro levantamento, em 2004, os estudantes da educação a distância passaram de 49 mil para 207 mil. Já a quantidade de entidades credenciadas ou com cursos autorizados pelo MEC aumentou 54,8% – passou de 166 para 257.

Estúdio da Escola Técnica da UFPR: alcance de 25 mil alunos

Os números revelam a tendência cada vez maior de ofertar o aprendizado virtual para agregar mais estudantes. Para isso, as instituições investem pesado em novas tecnologias que facilitam ainda mais o acesso aos estudos. Só em 2007 foram investidos 34,3 milhões em tecnologias, o que representa 71,8% do total de 47,7 milhões de investimentos feitos pelo setor.

Uma das novidades em termos de ferramentas é um vídeo-book portátil desenvolvido pelo Iesde (Inteligência Educacional e Sistema de Ensino). Trata-se de um aparelho MP4 com 50 aulas em vídeo, o que corresponde a um semestre de conteúdo. A ferramenta será usada a partir de outubro. O alvo são cerca de 100 mil alunos de graduação e pós-graduação de universidades do Sul e Sudeste que utilizam o material produzido pelo Iesde. O custo do equipamento estará incluído nas mensalidades e os cursos a serem oferecidos são da área de administração e gestão empresarial. “A idéia é que o aluno possa aproveitar horários que não estão sendo úteis para transformá-los em aulas”, diz o diretor do Iesde Carlos Alberto Chiarelli. A cada semestre, os alunos receberão mais um novo pacote de conteúdos que podem ser salvos em um cartão SD, similares aos usados para transportar arquivos em telefones celulares. O aprendizado ainda pode ser complementado por um ambiente virtual via internet.

Já a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aposta em um sistema via satélite com alcance ilimitado do sinal para os pólos de aprendizagem. O diferencial, de acordo com o coordenador-geral de educação a distância, José Carlos Ciccarino, está na interatividade. Nas 320 tele-salas existentes (sendo 200 no Paraná e 120 fora do estado) os alunos recebem aulas em tempo real, transmitidas pelo estúdio da Escola Técnica da UFPR, na capital. As dúvidas dos cerca de 25 mil alunos matriculados podem ser esclarecidas por um telefone sem fio, durante ou após a aula, por uma linha direta gratuita e pela internet. “O sistema funciona há três anos e serviu de modelo para o MEC implantar o projeto da escola técnica aberta do Brasil (e-Tec), a partir do fim do ano passado”, informa Ciccarino. No total 11 cursos técnicos e superiores em tecnologia são oferecidos pela universidade. O mais recente, de Tecnologia em Gestão Pública, inicia as transmissões amanhã.

Diplomas

No Brasil, o diploma fornecido pelos cursos a distância tem a mesma validade que os de cursos presenciais. As modalidades mais oferecidas são a graduação, com 45% do total de cursos existentes; especialização lato sensu, com 42%, e extensão universitária, com 38,6%. De acordo com o coordenador do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta a Distância (Abraed), Fábio Sanchez, a educação a distância faz todo o sentido num país com dimensões continentais como o Brasil. “Não podemos esquecer que no Brasil existem cidades em que não há sequer escola de ensino fundamental”, diz. Dentro desse cenário, ele considera que o preconceito ainda é uma barreira a ser vencida.

Serviço

Um guia de cursos a distância disponíveis no Brasil pode ser acessado no site www.abraead.com.br.

A Escola Técnica da UFPR abre constantemente processos seletivos para novos cursos, outras informações no site www.et.ufpr.br

Fonte: Gazeta do Povo

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