terça-feira, setembro 23, 2008

Jovens investem em formação prática e sem rodeios

23/09/2008 - O mercado de trabalho mais uma vez põe as garras de fora e dita regras no mundo acadêmico. Para atender a exigência cada vez maior das empresas pelo diploma, as faculdades investem na formação tecnológica, com cursos de, no máximo, três anos de duração e foco direto na prática. Esse atalho no caminho das profissões é responsável por um verdadeiro boom do ramo, tanto que o Ministério da Educação (MEC) pretende injetar mais de R$ 750 milhões para que o país tenha, em 2010, 354 escolas técnicas e 500 mil vagas nos ensinos médio e superior. Em Belo Horizonte, a transformação chegou a tal ponto que atingiu até o tradicional Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). Às vésperas de completar 100 anos (data comemorada em 2010), a instituição luta para se tornar uma universidade tecnológica.

As diferenças entre a modalidade de formação tecnológica superior e os demais cursos de graduação – bacharelado e licenciatura – são muitas, mas o diploma tem basicamente a mesma validade. Segundo o MEC, os tecnólogos podem fazer pós-graduação em qualquer programa de mestrado e doutorado e participar de concurso público que exija nível superior. “A principal distinção é o objetivo da proposta pedagógica. Um curso de bacharelado oferece necessariamente uma formação mais abrangente e profunda, enquanto os tecnológicos superiores tem foco no conhecimento específico de determinada área. É uma capacitação intermediária”, explica o assessor da Diretoria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Orlando Pilatti.

Para deixar bem clara a diferença entre as competências do profissional de cada curso, Pilatti cita exemplos práticos: “Imagine o caso das engenharias. Um engenheiro tem capacidade de concepção e é preparado na universidade para criar novas técnicas. Já o tecnólogo é quem vai executar determinadas tarefas, e não propor soluções. O mesmo vale para a área da nutrição. Um nutricionista deve conhecer profundamente a química dos alimentos, enquanto o tecnólogo em gastronomia vai trabalhar num restaurante para atender as necessidades imediatas. É uma formação voltada para a prática”, esclarece. Ainda de acordo com o MEC, os cursos de bacharelado são aqueles que proporcionam a formação específica para exercer as profissões regulamentadas por lei ou não. Já os de licenciatura habilitam a dar aulas em educação básica, como a licenciatura em ciências ou matemática.

No mundo do trabalho, os tecnólogos têm cada vez mais espaço, mas ainda lutam para vencer preconceitos. Esse é o caso de Tobias José dos Santos, de 22 anos, aluno do 6º período de tecnologia em radiologia do Cefet-MG. “Optei por essa formação por ser mais curta e direta na área em que pretendo atuar. Tenho uma visão mais superficial da base teórica, mas a recompensa vem com a parte prática do trabalho. Posso seguir carreira no campo industrial ou de saúde, mas sei que o mercado ainda não reconhece a diferença entre o curso técnico e o tecnológico, que é de formação superior”, lamenta.

Sem se preocupar com os mitos que cercam a profissão, Luciana Itaborahy, de 22, se orgulha em dizer que o curso de graduação de tecnologia em secretariado abriu as portas do mercado para ela. Hoje, ainda a três meses da formatura, ela é o braço-direito do diretor-presidente da Fundação Fiat. “Secretária não é mais aquela que atende telefone e serve cafezinho. Eu sou uma assessora do executivo e controlo agenda, viagens, reuniões, além de ser responsável por elaborar atas, ofícios e coordenar o fluxo de relatórios da empresa. É um cargo de confiança que demanda formação superior. Tenho aulas de psicologia, redação empresarial, cerimonial e arquivologia, o que me permite desenvolver meu capital intelectual e agregar valor ao trabalho”, conta a aluna do 4º período do Centro Universitário Newton Paiva.

Alerta

Apesar do aumento vertiginoso da oferta dessa modalidade de curso no Brasil, o diretor-geral do Cefet-MG, Flávio Santos, faz um alerta: “Identificamos um problema na formação tecnológica. Trata-se de uma preparação para o exercício da profissão, mas muito presa a determinadas técnicas. À medida que as tecnologias mudam, o aluno perde a flexibilidade de migrar para outra área, pois não tem base conceitual”. Segundo ele, o Cefet não abre mais novas vagas desse formato de ensino, pois a instituição luta para se transformar numa universidade tecnológica. “A proposta é nos especializarmos num campo de saber, a engenharia. Já encaminhamos o projeto ao MEC e aguardamos aprovação do Congresso Nacional”, diz Flávio. Hoje, o centro oferece cursos técnicos integrados ao ensino médio, de graduação, de graduação tecnológica e de pós-graduação.

Fonte: Portal UAI - Minas

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