quarta-feira, setembro 10, 2008

Editorial CM Consultoria - Além das barreiras do desenvolvimento

10/09/2008 - 1. ALÉM DAS BARREIRAS DO DESENVOLVIMENTO: O OTIMISMO DO ENSINO SUPERIOR

Atualmente, o setor de educação, em especial o ensino superior privado, mostra-se fortemente otimista, ancorado em significativas margens de crescimento orgânico, concentração e consolidação, modernas técnicas de gestão e ganhos de escala.
Algumas das principais corretoras de valores do Brasil têm apostado cada vez mais nas Instituições de Ensino Superior - IES que possuem capital aberto na bolsa de valores (Bovespa). Estas instituições buscam, não apenas o status de manter papéis no mercado financeiro, mas de utilizar-se das ferramentas que o mercado proporciona aos que acreditam na modalidade de captação de recursos, ainda recente no Brasil, em especial no setor educacional.
Assim, ajustar-se à lei de divulgação de balanços do IFRS - Internacional Finance Reporting Standard, a Sarbannes-Oxley, ou então incluir em suas estratégias conceitos como EBITDA, Ticket Médio, não são mais itens exclusivos de multinacionais e sim de empresas que almejam o lançamento de seu IPO – Initial Public Offering, de seu nome no mercado e a seriedade com que tratam a governança corporativa, a responsabilidade social e o seu crescimento sustentável.

2. FATORES CONDICIONANTES
Sob o ponto de vista do investidor no mercado financeiro, a certeza de que os ganhos são proporcionais à aposta no mercado e aos riscos a que estão sujeitos, torna-se indispensável avaliar alguns pontos importantes, dentre os quais, os regulamentos do MEC quanto à aprovação de novos cursos e campus, diminuição do emprego e da renda familiar, que pode afetar o acesso ao ensino superior, a incapacidade de sustentar o funcionamento a partir dos preços das mensalidades, as dificuldades da integração das empresas adquiridas e o fim do PROUNI.
Se o ensino à distância -EaD e os cursos profissionalizantes são importantes drivers do desenvolvimento das IES, o modelo de expansão tem buscado cada vez mais direcionar suas sinergias para a consolidação destas novas modalidades de ensino superior, ancoradas principalmente na concentração de mercado (marcas) e para sua consolidação, buscando por exemplo, conceitos de maturação das unidades.
As IES que se encontram listadas na Bovespa, mostram não apenas ao mercado de capitais que seu modelo de negócios é o mais eficiente, como divulgam suas estratégias, mas o apresentam em detalhes baseados principalmente na busca por resultados voltados à dinâmica empresarial, apresentando modelos de gestão da IES “commoditizada”, em busca de resultados com ganhos de escala, sobre sistemas de administração padronizados e que devem ser replicados nas IES adquiridas.
O sucesso das IES não pode ser mensurado apenas com relação às estratégias que agradam ao mercado de capitais, mas principalmente ao seu principal financiador, o aluno, que buscará na diferenciação da IES o “algo mais”, fortemente ligado ao projeto pedagógico de seu curso.
A partir do projeto pedagógico dos cursos, quais inovações podem trazer para a IES uma proposta diferenciada? Poderíamos citar algumas, mas a mesma proposta de sucesso não se ajusta a outras IES, pois além da necessidade de se quebrar paradigmas é necessário sair da zona de conforto. Os colaboradores (funcionários e professores) devem se transformar em stakeholders do sucesso da IES. Precisam ser estimulados e gratificados pelas metas alcançadas. Cabe a IES reter talentos e formar equipes de alta performance.
Do ponto de vista externo, o cenário educacional mostra-se muito otimista frente à tendência de demanda por vagas do ensino superior. Apesar dos dados da Unesco indicarem o percentual de 24% de jovens com idades entre 18 e 24 anos no ensino superior brasileiro, abaixo dos países vizinhos, como Argentina (71%) e Chile (48%), e mesmo com a estimativa de matrículas para 2010, mantendo trajetória diminutiva, as perspectivas mostram-se superiores ao crescimento da educação com relação aos anos anteriores a 2006.


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A commoditização da educação brasileira não é apenas uma tese e sim um fato, justificado por uma análise setorial mais detalhada, como pode ser observado pelo aumento das IES de 2000 a 2006, (IES públicas 41% e IES privadas 101%). O mesmo pode ser verificado quanto ao plano de interiorização das IES, cujo crescimento foi de 99% no período de 2000 a 2006. A tabela a seguir apresenta o número de IES no Brasil, entre 2000 a 2006.

Tabela 1: Instituições de Ensino Superior, Brasil – 2000/2006.


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Fonte: MEC/INEP 2006.
Por outro lado, entre os indicadores e os prós e os contras do ensino superior, uma das barreiras à matrícula do jovem brasileiro encontra-se na renda familiar, pois mudou o cenário e o público-alvo. Até o final dos anos 90, o público das IES privadas era o jovem recém saído do ensino médio, oriundo das classes A e B, atualmente, o público-alvo são as classes C e D. A tabela a seguir apresenta a o número de alunos e o percentual de participação dos alunos no ensino superior, por classe social, projeção de 2002 a 2010.

Tabela 2: Número de alunos e percentual de participação no ensino superior, projeção de 2002 a 2010.


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Fonte: Observatório Universitário, 2008.
Destaca-se ainda, que a característica atual do jovem universitário brasileiro é formada pelo perfil, conforme a tabela a seguir.

Tabela 3: Perfil atual do jovem brasileiro, 2008.


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Fonte: MEC, Itaú Securities, Unesco.

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