sexta-feira, agosto 01, 2008

Educação - investimentos

01/08/2008 - Setor de educação, que ficou em 14º lugar no ranking de aquisições no ano passado, salta para a 3ª posição no primeiro semestre de 2008, com 30 negócios entre as faculdades

Karla Mendes - Estado de Minas

A aceleração da incorporação e absorção de faculdades privadas por outras revela a nova face do mercado de ensino superior. Enquanto em todo o ano de 2007 foram feitas 18 transações de fusões e aquisições no setor de educação, número que posicionava o segmento em 14º lugar no levantamento da consultoria KPMG, só no primeiro semestre de 2008 foram feitas 30 operações, elevando-o para a terceira posição no ranking. “Mais da metade das transações (17) ocorreram no segundo trimestre, o que significa que o setor ainda está em curva de aceleração, diferentemente de outras áreas, que começaram a desacelerar”, ressalta Luis Motta, sócio de fusões e aquisições da KPMG, que destaca que mais de 70% das aquisições foram feitas por empresas que abriram capital na bolsa.

Minas Gerais é um dos destaques do levantamento. Segundo Luis Motta, a Kroton Educacional, empresa mineira oriunda do Pitágoras, realizou sete aquisições no primeiro semestre, entre elas a Uniminas, o que representa 23% das operações, empatando com o Anhanguera Educacional, de São Paulo. “Minas aparece no ranking tanto do lado de quem está comprando como no de quem está sendo comprado. A Kroton é uma empresa consolidadora que está adquirindo instituições em Minas e fora do estado e há também aquelas que não são de Minas, mas operam aqui, como é o caso da Estácio de Sá”, diz. No primeiro semestre, também ocorreram a compra da Newton Paiva pelo grupo Splice, da Faculdade Metropolitana pelo COC e da Fabrai pelo grupo Anhanguera.

Para Marco Bóscolo, diretor responsável pelo mercado de educação da KPMG, o número de fusões e aquisições poderia ser ainda maior se as instituições estivessem preparadas para isso. “Um grupo grande começa a pesquisar 10 instituições e só compra três ou quatro, pois elas não têm um sistema de auditoria eficiente. Grande parte das faculdades vêm de empresas familiares e não imaginavam que isso viraria um negócio”, afirma. Bóscolo observa que, das 1.022 instituições privadas do país, mais de 90% são de pequeno porte. “O potencial de mercado é grande, pois dados do Ministério da Educação e Cultura (MEC) mostram que só 11% da classe C está na faculdade. O restante ainda não consegue pagar”, observa.

Linha de crédito

Atenta a essa lacuna no mercado, a Ideal Invest lançou há dois anos uma linha de crédito que financia 50% da mensalidade, independentemente da faixa de renda ou da classe social do aluno. “4,5 milhões de pessoas estão fora da faculdade. Sobram vagas no ensino privado e as mensalidades não cabem no bolso de muita gente. Sabemos da competição grande entre as instituições e, nessa luta, tem que ter programa de financiamento”, afirma Adelmo Inamura, diretor da Ideal Invest.

Muitas faculdades também têm criado linhas próprias de financiamento para oferecer além do Fies e do ProUni, criadas pelo governo, mas que limitam o acesso de boa parte da população. “Se o aluno não conseguir nenhuma das formas existentes no mercado, nós oferecemos o financiamento próprio. O estudante paga metade do valor da faculdade, com juros de 1% ao mês, que é o mesmo do Fies”, ressalta Thiago Muniz, diretor de Marketing e Planejamento da Soebras, que incorporou as Faculdades Promove e Kennedy, entre outras.

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