quarta-feira, julho 16, 2008

EAD aproxima brasileiros do exterior


Enquanto muitos brasileiros viajam horas de avião, gastam quase todas as economias e abandonam a terra natal para estudar nas melhores universidades estrangeiras, o professor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília) Elicio Bezerra Pontes realizou essa façanha com apenas um clique.

Seus planos de fazer o doutorado no exterior estiveram ameaçados por muito tempo. Compromissos profissionais e familiares o amarravam ao Brasil. Mas as novas tecnologias estreitaram os caminhos dele, que pôde freqüentar a instituição espanhola UNED (Universidad Nacional de Educación a Distancia). Realidade possível graças à Educação a Distância.

Elicio Bezerra Pontes, 67 anos, professor da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília).

Ele já havia passado um bom tempo no exterior para fazer o mestrado e uma especialização. Não seria possível ficar longe do país, da família e do trabalho novamente por quatro anos. Apesar de atuar com a EAD desde os anos 60, ele jamais pensou em utilizar a modalidade a seu favor. Mas as atividades profissionais na UnB o aproximaram da opção. A universidade estabeleceu um contato mais estreito com a UNED. Uma aproximação que me despertou o interesse em cursar o doutorado lá, segundo o professor.


Mesmo sem ter de deixar o Brasil, o professor conquistou o título de doutor. Algumas viagens à Espanha, segundo ele, tiveram que ser feitas para cumprir as atividades presenciais, mas nada que comprometesse suas responsabilidades aqui no Brasil. O curso foi essencialmente a distância. Os estudos, as atividades e todos os contatos foram realizados via Internet. As visitas aos centros da universidade, na Espanha, não foram obrigatórias. A decisão de ir até lá foi para conhecer mais de perto o funcionamento da UNED e estabelecer contatos mais diretos com o orientador.

Assim como Pontes, a professara Maria Ilse Rodrigues Gonçalves, 63, professora especializada em EAD também optou em investir na modalidade para estudar no exterior. No entanto, os fatores que a impulsionaram a tomar essa decisão foram outros. O primeiro deles, de acordo com a professora, foi o reconhecimento da UNED na área de novas tecnologias educacionais. Por fim, o lado financeiro. Os gastos do estudo, a princípio, se restringiam ao pagamento da taxa escolar e do acesso a Internet. Nada de passagens aéreas, hospedagem e alimentação.

Mas o que era para ser mais barato, saiu mais caro. Maria Ilse teve que ir à Espanha algumas vezes. "urante a realização dos créditos obrigatórios embarcava para a Europa uma vez por semestre. A prática se tornou mais freqüente quando a defesa da tese se aproximou. As despesas que não estavam previstas acabaram sendo incorporadas no orçamento da professora. O que amenizou a situação financeira de Maria Ilse foi o auxílio do governo espanhol. Para concluir o doutorado recebeu uma bolsa de cinco meses. Cas contrário o não teria concluído o curso.

Nem todos os programas de EAD, bem como as universidades, exigem que o estudante compareça ao país de origem da instituição de ensino. Em alguns casos, Pontes afirma que as atividades presencais podem ser desenvolvidas no próprio país, por meio das embaixadas, consulados ou órgãos representativos. "É preciso que o candidato faça uma negociação com a instituição de ensino. Na opinião dele, indo ou não para o exterior, o resultado final do curso é o mesmo. "odo o material e as atividades são desenvolvidas para serem realizadas a distância. Além disso, a tecnologia permite que a comunicação virtual seja tão eficiente quanto a presencial.

A pesquisadora de recursos educacionais da Universidade Aberta Britânica (Open University UK) Andréia Inamorato dos Santos, 32, partilha da mesma opinião de Pontes. Tanto é que ela, mesmo morando na Inglaterra, optou por fazer o seu doutorado a distância. Apesar de ter realizado o curso dentro da própria universidade, o procedimento de estudo foi o mesmo dos demais alunos estrangeiros que estavam na África, América ou em outras partes da Europa.

A única diferença foi que Andréia pôde participar dos encontros presenciais. Isso, no entanto, não acolocou em vantagem em relações aos demais doutorandos. Para ela, a essência dos cursos realizados 100% a distância em relação aos semi-presenciais é igual. O intercâmbio acontece nas duas opções, mas de maneira diferente. As plataformas, o ambiente virtual e as tecnologias possibilitam que o aluno, mesmo que a distância, interaja tanto com os colegas de turma como com os professores.

Maria Ilse acrescenta que, apesar das dificuldades que enfrentou, a experiência teve lá suas vantagens. Teve acesso a biografias internacionais que talvez não tivesse se optasse por um programa no Brasil. A modalidade, no entanto, carrega alguns dos problemas que os cursos presenciais no exterior possuem. Segundo a professora, a principal delas é a comunicação. É preciso ter conhecimentos avançados na língua do país onde a universidade atua. Caso contrário fica difíci l entender o conteúdo do programa e se comunicar com os professores e alunos. A professora admite inclusive que teve muitos problemas de adaptação ao sistema por causa da língua. Precisou matricular-se em um curso intensivo de espanhol para conseguir dar conta.


Além disso, todos os diplomas de graduação e pós-graduação stricto sensu obtidos no exterior, seja por meio de programas presenciais ou não, devem ser revalidados em uma universidade brasileira. Segundo Pontes, os processos de revalidação dos cursos a distância estão mais acessíveis do que antigamente, principalmente por causa da expansão da modalidade no país. Há diversas instituições de ensino que reconhecem esse tipo de diploma. O professor aguarda a UNED emitir o diploma para dar entrada na papelada, mas se demonstra bastante otimista.

Maria Ilse não também não tem do que se queixar do processo burocrático brasileiro. A professora, em menos de oito meses, conseguiu que o seu título fosse validado no Brasil. Emitiu toda a documentação necessária para a UnB, que em pouco tempo me respondeu com a aceitação do seu diploma, conta. Já a pesquisadora Andréia, que permanece até hoje na Inglaterra, não precisou passar por essa burocracia. Mas confessa que o título é reconhecido mundialmente. Basta ficar atento à qualidade do curso e da universidade escolhida.

Fonte: Larissa Leiros Baroni

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