segunda-feira, julho 28, 2008

Carreira

Fazer faculdade exige planejamento

28/07/2008 - Os gastos no ensino superior não estão restritos ao pagamento da matrícula e das mensalidades. Mesmo quem estuda em faculdades e universidades públicas ou recebe ajuda dos programas de financiamento do governo federal (Fies e ProUni) precisa arcar com os custos dos livros, do xerox, da impressão de trabalhos e dos materiais e equipamentos exclusivos da graduação escolhida. Calcular previamente essas despesas é importante para que o orçamento da família não fique estrangulado e o estudante acabe precisando abandonar o curso.

Aluna do terceiro ano de Publicidade e Propaganda da UFPR, Bárbara Pilati Lourenço, 20 anos, diz que na época do vestibular não analisou como seria a sua vida financeira após iniciar a graduação. “O que mais me assustou foi o preço da impressão dos trabalhos práticos. Os professores exigem o uso de papéis específicos, nem sempre fáceis de encontrar, e a impressão precisa ser feita em locais especializados. Também temos de comprar filmes fotográficos e pagar a revelação das imagens”, afirma. A estudante calcula ter gastado R$ 45 no último trabalho de fotografia – R$ 8 do filme, R$ 17 da revelação e R$ 20 das baterias da câmera, que é emprestada pela universidade.

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Para economizar, Bárbara evita comprar os livros didáticos do curso. “Pego emprestados os livros da biblioteca e tiro fotocópia dos capítulos pedidos pelos professores”, diz. Ela conta que os gastos se tornam maiores a partir do segundo ano, quando começam as matérias de produção gráfica, mas não sabe determinar com precisão quanto desembolsou até agora com a graduação.

Estudante do quarto ano de Desenho Industrial (com habilitação em Projeto de Produto) da PUCPR, César Augusto Lima Júnior, 21 anos, também nunca colocou na ponta do lápis os custos com os trabalhos da faculdade. Segundo ele, porém, os alunos da rede privada não estão livres das despesas extras, que são graduais e aumentam de um ano para o outro. “Gastei mais no segundo e no terceiro ano porque tive de fazer protótipos. Mas as despesas também variam conforme o grau de exigência do aluno com relação a seu próprio trabalho. Às vezes é preciso construir um modelo mais de uma vez para que ele fique bom”, afirma. O diretor do curso de Desenho Industrial da PUCPR, Jaime Ramos, estima que são necessários de R$ 50 a R$ 100 por mês para as disciplinas práticas da graduação. Ele explica que os trabalhos teóricos podem ser digitados e impressos na universidade, mas o desenvolvimento de produtos deve ser bancado pelos estudantes. “A PUCPR oferece os equipamentos, a estrutura para a constr ução dos objetos, mas o material deve ser comprado pelo aluno”, explica.

Segundo Ramos, o estudante consegue economizar se for criativo e souber reaproveitar materiais. “O aluno tem liberdade de escolha. Se o tema do trabalho é ‘cadeira’, é possível desenvolver desde uma banqueta até um sofá. Da mesma forma, o projeto de um automóvel pode ter como resultado uma miniatura ou um modelo em tamanho real. Além disso, não trabalhamos com material padrão. O estudante pode fazer uma poltrona com objetos recicláveis, reduzindo os custos”, exemplifica. Outra alternativa, segundo Lima, é buscar patrocínio para a fabricação dos produtos.

Computador

De acordo com o diretor do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Carlos Hardt, é importante que o aluno adquira o seu computador ao longo da graduação. “Temos um laboratório de informática exclusivo para os estudantes de Arquitetura, mas, como o curso exige muitos trabalhos extra-classe, o ideal é que eles tenham seu próprio micro”, aconselha. Segundo o professor, os custos com materiais específicos da área, como esquadros, pasta e compasso, não ultrapassam R$ 500.

Investimento de R$ 3 mil por ano em Odonto

Quem sonha em cursar Odontologia precisa estar preparado para o alto custo da graduação. Um consultório requer uma série de instrumentos e esse material deve ser adquirido ao longo da faculdade. “No curso de Odontologia da Universidade Po-sitivo, o aluno faz atendimentos a pacientes e tem aulas práticas de laboratório desde o primeiro ano, quando precisa comprar aproximadamente 50 instrumentos, como brocas, espelho e sonda. Normalmente ele gasta cerca de R$ 3 mil por ano com os equipamentos”, afirma a coordenadora da graduação, Maria da Graça Kfouri Lopes. Segundo ela, só aquele temido motorzinho custa cerca de R$ 1,5 mil. Na UFPR, o aluno também precisa adquirir os instrumentos de uso individual. Já o material de consumo, como resinas e amálgama, é fornecido pelas universidades. (MC)

Fonte: Gazeta do Povo

A grande dúvida: o que vou ser?

28/07/2008 - Jovens de hoje não vinculam o curso universitário a uma carreira, diz consultor, o que traz risco de frustração

Rafael Sigollo

Aliar vocação com boas oportunidades no mercado de trabalho é a melhor forma de escolher a profissão. Mas, para um adolescente de 16 ou 17 anos, decidir em qual área irá trabalhar para o resto da vida, não é uma decisão assim tão fácil.

Além da falta de maturidade, os especialistas apontam um outro agravante: a falta de interesse. “Os jovens dedicam pouquíssimo tempo ao seu futuro profissional. Muitos deixam para pensar nisso na última hora e acabam se arrependendo depois”, afirma o superintendente-geral do Instituto Via de Acesso, Ruy Leal.

A psicóloga e orientadora profissional do Instituto Ser, Marilu Diez Lisboa, concorda: “O adolescente não pensa em uma carreira, e sim em um curso universitário. Ele não associa com seriedade essa escolha com seu futuro e procura o curso sem um plano, sem um objetivo definido.”

Para ajudar na escolha, Fernando Cardoso, sócio-diretor da Integração - Escola de Negócios, defende maior participação das escolas, propiciando palestras, debates e visitas monitoradas em diversos locais de trabalho. “O estímulo fornecido pelo ensino médio pode fazer a diferença”, garante. “A escola se preocupa apenas em fazer o aluno passar no vestibular. Agora, em qual curso, é problema dele.”

PAIS E AMIGOS

A influência dos pais e dos amigos também é outro ponto que deve ser considerado. Ela será prejudicial se o jovem não tiver inclinação para determinada área e apenas entrar nela por pressão recebida. Sentir-se forçado.

“Os pais ainda preferem profissões mais tradicionais como Medicina, Direito e Engenharia, mas precisam entender que existem muitas outras opções hoje no mercado”, diz Cardoso.

Marilu aponta que o aspecto financeiro tem seduzido muitos jovens para determinadas profissões e, algumas vezes, são até mesmo o motivo principal da escolha. “Essa juventude está muito fixada na questão do ‘ter’, que não podemos desprezar, uma vez que vivemos em uma sociedade de consumo. Mas existem também o ‘ser’ e o ‘fazer’ e precisa haver uma correspondência entre todos eles.”

Na opinião de Ruy Leal, os jovens de hoje ainda estarão numa fase altamente criativa e produtiva quando tiverem 60 anos de idade. “Quem escolhe uma profissão com dúvida ou sem saber onde está se metendo vai viver infeliz esse tempo todo?”, pergunta.

Para o psicanalista e professor de Psicologia da ESPM, Pedro de Santi, se a profissão for escolhida levando em conta apenas o mercado, certamente o final não será feliz. “Esse é um fator a ser considerado, mas não o único. O mercado é cíclico e pode mudar radicalmente em quatro ou cinco anos. Quando você se forma, já não encontra mais aquele cenário que havia quando ingressou na universidade.”

ORIENTAÇÃO

Leal enfatiza que a escolha da profissão nunca foi tão importante quanto neste século. “Antes as mudanças eram lentas; hoje são violentas. É preciso, portanto, amar o seu trabalho para estar sempre atualizado e disposto a se adequar e se adaptar a ele”, afirma.

Mesmo assim, o risco de uma decisão errada sempre vai existir, mas pode ser reduzido. Para isso, os especialistas aconselham os adolescentes a terem conversas com profissionais experientes e com professores, além de fazer um plano de vida e buscar o auto-conhecimento.

Nesse ponto, a orientação vocacional pode ser uma boa alternativa. Mas cuidado: não se trata de testes simples e rápidos pela internet.

“A orientação vocacional evoluiu e mudou muito, assim como o mercado de trabalho. É um processo que às vezes é compartilhado até com a família do jovem e pode chegar facilmente a dez sessões”, revela Marilu, que coordena um curso para formar orientadores profissionais.

O professor, pesquisador e autor de livros Roberto Macedo alerta que um programa de orientação vocacional, se não for bem estruturado, pode mais atrapalhar do que ajudar: “Eles são muito focados nas profissões em si, ignorando que cada vez mais as pessoas vão trabalhar em ocupações que não são típicas delas. ”

Macedo, inclusive, defende uma proposta de adiar a escolha da profissão para depois do vestibular. Assim, vários cursos teriam um ciclo básico comum de dois anos, e a escolha da especialização ou profissão só a partir do terceiro, quando o jovem estará mais maduro e melhor informado. “Cursos de Economia, Administração, Contabilidade e Relações Internacionais, por exemplo, poderiam entrar nesse esquema. Depois de completar um deles, o estudante também poderia voltar à escola e fazer outro em apenas dois anos”, diz Macedo.

MAIS OPÇÕES

Se mesmo pesquisando e procurando se informar o jovem não se sentiu muito atraído por nenhuma das opções, uma das saídas é fazer um curso que possibilita um maior leque de especializações e atuações como Administração e Comunicação. “Como os caminhos são muitos, conforme vai fazendo o curso o aluno ganha mais tempo até achar uma função pela qual se identifica mais”, diz Pedro de Santi.

Não é incomum também começar um curso e depois de um ano perceber que não era bem aquilo que se queria. Nesse caso, é melhor começar outro, desta vez, mais consciente. “Essa primeira desistência é compreensível, mas a pressão para que a segunda escolha esteja certa será enorme”, alerta de Santi.

Para Marilu, são poucos os jovens que têm a chance de freqüentar uma universidade e escolher a profissão no Brasil e, por isso, é preciso dar mais importância a essa decisão. “Se esse é o seu caso, faça uma escolha cuidadosa, que valha a pena para você e para a sociedade.”

Veja como dois jovens fizeram suas escolhas


O estudante Bruno Starowski sempre quis cursar Rádio e TV e trabalhar com comunicação. Após um ano, porém, precisou trancar o curso. “Tinha de trabalhar para pagar a universidade e nessa área não estava conseguindo nada”, lembra. De olho no mercado, migrou então para o curso de Administração, o que possibilitaria maiores opções.

Hoje, Bruno trabalha em uma rede multinacional de roupas e acessórios esportivos. “Sei que não fiz a troca pelos motivos certos, mas dentro da Administração acabei me encontrando e estou muito feliz com a decisão”, diz. Mas Bruno ressalta que não desistiu da Comunicação: “Pretendo fazer especialização em gestão de marketing assim que me formar. No futuro, quero concluir também o curso de Rádio e TV, como realização pessoal mesmo”, garante.

Ignorando as estatísticas e o domínio masculino dentro da Engenharia, Paloma Teles Cortizo descobriu cedo sua vocação. “Desde criança eu era fascinada por obras e construções. Na construção da minha própria casa, eu tinha apenas oito anos e conversava muito com o engenheiro, pedreiros e até ia passear em loja de material de construção e escolhia alguns acabamentos”, lembra. A única dúvida que teve, quando adolescente, era se escolhia Engenharia Civil ou Arquitetura. Cursou colegial técnico em edificações, portanto, para conhecer um pouco melhor de cada área. Hoje Paloma está finalizando o curso de Engenharia Civil na Unicamp e já planeja uma especialização em Engenharia Estrutural. “O importante é tentar descobrir a sua vocação e dar um direcionamento a ela”, aconselha.

Fonte: Estadão

Calculadora da graduação: Veja se vale a pena se formar em TI

28/07/2008 - No momento de decidir por um curso de graduação, o futuro profissional deve avaliar diversas questões. Uma delas é o retorno financeiro.

A idéia de Gustavo Cerbasi, sócio-diretor da empresa de planejamento financeiro Cerbasi & Associados, é simples: o retorno do investimento curso superior é medido ao comparar o preço total e o salário médio de um profissional formado.

Assim, é possível saber em quantos meses o aluno terá o ROI da educação. Cerbasi afirma que só é razoável o investimento em educação se o retorno chega em até dois anos. "Caso contrário, é melhor investir em imóveis, por exemplo", diz.


Combinando essa idéia com os valores dos salários praticados no mercado brasileiro,definido por pesquisada consultoria Lopes & Borghi, o COMPUTERWORLD listou alguns cursos em várias faculdades para identificar o retorno financeiro.


Um administrador de banco de dados, por exemplo, começaganhando 1,8 mil reais por mês. Em dois anos, umaspirante a profissional pode concluir o curso de Tecnologia emBanco de Dados da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista) por 787 reais mensais. Em menos de um ano, esse profissional paga o investimento e já recebe os lucros.

Se ele optar pela graduação tradicional e partir para a administração de banco de dados, o retorno do investimento da graduação vai demorar o dobro. Nesse caso, quem cursou a graduação em 4 anos não tem perspectivas deganhar mais do que o outro estudante que é formado em cursos de dois anos.

Para um estudante de Ciência da Computação da FEI (Faculdadede Engenharia Industrial) trabalhar como administrador de banco de dados nãocompensaria o investimento. Como o curso tem duração de quatro anos e custa 905reais por mês, para recuperar o valor gasto seria necessário, pelo menos, 27meses (considerando o menor salário inicial). O mesmo curso na PUC de São Paulocusta um pouco mais: 953 reais.

Cenário melhor em outras funções
Outras atividades na área, é verdade, apresentam uma melhorsituação. Um analista de sistemas pleno começa ganhando 3,4 mil reais, valorsuficiente para pagar o curso da PUC em pouco mais de um ano.


Ao mesmo tempo, épossível se formar tecnólogo em análise de sistemas, curso de apenas dois anos,na Faculdade IBTA pagando 730 reais por mês. Em apenas um semestre de trabalhoo investimento já estará pago.

A possibilidade de se formar em menos tempo faz da análisede sistemas o melhor investimento, tomando como base a pesquisa da Lopes &Borghi. Outras profissões até pagam melhor, mas acabam esbarrando no custo daformação.

Um arquiteto de soluções, por exemplo, começa ganhando 6,8mil reais. Mesmo assim, o profissional levaria mais tempo para pagar o curso deEngenharia da Computação da Fiap, por exemplo, que tem duração de cinco anos ecusta 980 reais por mês.

A pior opção para um recém-formado é trabalhar como analistade help desk. Mesmo considerando o maior salário, levaria quase dois anos parapagar um curso de Ciência da Computação na FEI. O salário inicial, de 1 milreais, não pagaria em tempo razoável nem os cursos de tecnólogo.

Esse cálculo serve para dar uma idéia do valor que se obtémao encarar uma faculdade de tecnologia. Porém, não leva em consideração outrosresultados que não se refletem em números, como os contatos adquiridos duranteo curso e a consolidação do profissional no mercado.

De qualquer forma, se quiserem contar com profissionais maisqualificados, as empresas de TI precisam começara a investir ou em aumentar ossalários iniciais da categoria, ou em mostrar que, num prazo mais longo, oprofissional poderá ter um retorno satisfatório caso decida investir em cursosde bacharelado.

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