terça-feira, dezembro 16, 2008

Todos pela educação

15/12/2008 - A educação é importante demais para ser deixada só na mão do governo. Essa parece ter sido a conclusão de empresários, educadores e gestores que criaram o movimento Todos pela Educação. O compromisso, firmado em 2006 com o apoio do MEC e das secretarias estaduais, fixou metas de qualidade para o ensino a serem atingidas até 2022. Para os 16 anos que separam as duas pontas, definiu objetivos intermediários a fim de corrigir desvios de percurso.

São cinco os alvos perseguidos: investimento de 5% do PIB na educação básica; 100% das crianças alfabetizadas até o fim da segunda série; crianças e jovens de 4 a 17 anos na escola; jovens de 19 anos com o ensino médio completo; alunos com aprendizagem adequada à série. Os resultados se baseiam nos exames federais Prova Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

No primeiro relatório de acompanhamento, divulgado na quinta-feira, os números dizem que o Brasil avançou, mas pouco. Atingiu uma meta — jovens de 19 anos com ensino médio completo (previstos 42,1%, chegou-se a 44,9%). As demais avaliadas ficaram aquém. Em vez de 91% de crianças e jovens na escola, alcançou 90,4%. A aprendizagem também deixou a desejar. O país logrou êxito em matemática, mas fracassou em português. Em outras palavras: alunos passaram de ano sem dominar o conteúdo previsto para o estágio em que se encontram. Ou não passaram e ficaram defasados no patamar em que estacionaram.

A avaliação tem o mérito de reafirmar o tantas vezes dito e repetido. A escola não consegue desempenhar o papel para o qual foi criada. Não ensina. A repetência e a evasão tornaram-se comuns. A aprovação automática, manobra para manter a criança em sala de aula, mostrou a face cruel. Sem estratégias de recuperação, o estudante passa de ano, mas não aprende. Forma-se, assim, exército de analfabetos funcionais: adultos que concluíram o ensino fundamental e até o médio, mas sem habilidade de ler, de escrever ou de fazer as quatro operações.

Democratizar o acesso à escola sem democratizar o conhecimento é farsa representada há quase quatro décadas no Brasil. Estado, professores, pais, alunos participam do jogo de faz-de-conta. O Todos pela Educação se propõe tirar a máscara dos personagens e levar cada um a desempenhar o papel que lhe cabe. Não é tarefa fácil, mas é possível.

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