quinta-feira, dezembro 04, 2008

Gestão Cooperativa no desenvolvimento do capital humano

3/12/2008 - O mundo atual torna-se cada vez mais competitivo, o avanço da tecnologia e a necessidade de melhorar os processos produtivos, criam desafios diários para as organizações que buscam mais do que nunca, novos métodos e práticas de capacitação e qualificação de seus colaboradores.
O desenvolvimento do capital humano é tarefa principal nos recursos humanos de uma organização, visando o aperfeiçoamento pessoal e profissional, tornando o indivíduo mais comprometido, produtivo, eficiente e participativo.

Participar é fundamental, um colaborador participativo, coopera com o todo organizacional, gera dividendos para si e para a empresa em que trabalha, e esta visão é cada vez mais difundida no universo corporativo. Talvez em função da ampla difusão dos conceitos do cooperativismo em todo o mundo, e essa maneira diferenciada de enxergar é imprescindível quando o assunto é lucratividade e resultados, segundo Michael Porter (economista, professor da Harvard Business School, mundialmente idolatrado por sua atuação em empresas norte-americanas e internacionais), é primordialmente exigido que a cadeia de valor de uma empresa seja administrada como um sistema único, e nunca como um aglomerado de partes individuais, sendo assim, fica claro o porque do cooperativismo estar dando certo, pois, as cooperativas normalmente utilizam-se dos princípios de autogestão, que praticada pelos próprios colaboradores, democratiza as decisões, enfatiza os valores de cooperação, da diversidade e da soli dariedade.

Toda e qualquer organização, precisa estabelecer critérios de controle do comportamento e do desempenho de seus colaboradores, mas os modelos de gestão burocrática que enfatizam um controle demasiadamente formal e hierárquico, predominantes nas empresas tradicionais, estão pouco a pouco sendo trocados pelos controles do cliente e do colaborador. Cada vez mais, os departamentos de recursos humanos preocupam-se em desenvolver equipes de trabalho autogerenciáveis, envolvendo os colaboradores em todos os processos da organização, fazendo com que eles tomem parte na elaboração das estratégias, afastando assim definitivamente os processos burocráticos da gestão organizacional.

Envolvendo os colaboradores nos processos de gestão, consolida-se uma transferência de controle a esses membros, e nada melhor que os sistemas cooperativos para evidenciar este formato gestor, no qual os colaboradores participam dos resultados, dividem os objetivos e traçam metas, para que a partir daí, comprometidos, direcionem seus esforços em busca do objetivo comum.

O sucesso de qualquer organização depende da excelência do desempenho humano, desta forma, o modelo cooperativista de gestão de pessoas é uma excelente maneira da empresa se organizar para gerenciar, educar e orientar o comportamento humano no trabalho, focando nos princípios, estratégias e práticas do processo gestor holístico.

A raiz da cultura de cooperação é ao mesmo tempo, um processo educacional e uma filosofia, que crê em valores e princípios humanísticos e evidencia a importância do processo de auxilio mútuo na promoção da qualidade de vida. A construção de valores como, a união de pessoas, nos direcionam para a solidificação de uma sociedade mais focada na melhor distribuição de renda, desenvolvimento da justiça, equidade, solidariedade e dignidade, gerando assim, felicidade pessoal e coletiva.

Arrisco dizer, que a gestão cooperativa, talvez seja o futuro das organizações daqui a duas ou três décadas, e não fica difícil acreditar quando conhecemos alguns números mundiais, pois segundo a Aliança Cooperativa Internacional –ACI, o sistema criado em 1844 no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra), conta hoje com 2,4 bilhões de cooperados, ou seja, 40% ou da população do planeta, e no Brasil, de acordo com dados deste ano da Organização das Cooperativas Brasileiras, a atividade cooperativista representa 6,5% do PIB
nacional, aproximadamente 6 milhões de cooperados em mais de 7.500 cooperativas, atuando
em 13 ramos de atividades econômicas distintas, e gerando mais de 230 mil empregos, movimentando R$ 13,3 bilhões, da economia nacional.

A assimilação desta visão traz para o dia-a-dia dos recursos humanos, discussões a respeito da integração da doutrina cooperativista e da inserção e adoção de tais princípios nas organizações de todo o mundo.

O Brasil já realiza um forte intercâmbio com países que adotaram o cooperativismo como um processo de sólido desenvolvimento econômico, que realizam análises de gestão dos riscos sempre levando em conta o fator humano.

Em nosso país alguns sistemas cooperativos ainda são recentes, como no caso do cooperativismo de crédito, que por aqui ainda é uma novidade, mas já é sucesso absoluto em países como o Canadá, no qual a Confederação de Sindicatos Nacionais (CSN), a segunda maior da província de Québec, conta com 2.800 sindicatos filiados. O sistema Desjardins, é um dos pilares desta rede canadense, uma caixa econômica que busca o desenvolvimento social e solidário e que possuí mais de 6 milhões de sócios, em um cenário onde a população é de 7,4 milhões de cidadãos. O Desjardins financia projetos como o Cirque du Soleil e ainda beneficia comunidades indígenas isoladas, que vivem ao norte da província de Québec.

Atualmente no Brasil, fundamentos como a valorização sistêmica dos recursos humanos, administração estratégica em busca de objetivos levando em conta o ambiente organizacional, administração participativa envolvendo colaboradores nas decisões principais e a visão holística(que trata a empresa como uma estrutura única e integrada), já fazem parte do cotidiano de milhares de grandes e médias organizações pelo planeta, sendo assim, podemos perceber, que o crescimento do elo colaborador-organização, torna-se cada vez mais dinâmico e horizontalizado, fortalecendo a cultura organizacional cooperativista, com foco nos sistemas de recompensa, integrando e globalizando a atuação dos colaboradores nos processos da dinâmica organizacional, criando comprometimento com a futuro da organização, de seus colaboradores e dos processos de gestão.

Fábio Azevedo
www.saladetreinamento.blogspot.com

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