sexta-feira, setembro 12, 2008

O mundo é online

Se o jornal espanhol "El País" fosse criado hoje, provavelmente não seria em papel. Foi o que disse recentemente um diretor do próprio jornal, apontando que o futuro do mercado de notícias está na rede. E vão surgindo outros sinais dos tempos. Segundo a consultoria eMarketer, o mercado americano deverá registrar, este ano, mais investimentos publicitários na internet do que nas rádios do país É um marco. Diz a consultoria que os sites deverão captar cerca de US$ 21,7 bilhões, o que representa um aumento de 22% em relação a 2006. Muita coisa. Já as rádios ficariam com US$ 20,4 bilhões (aumento de 1,5%). Não custa lembrar o que já foi comentado aqui: TV e rádio já são considerados velhas mídias por muita gente, especialmente entre os mais jovens - que é a parcela que interessa, quando pensamos em futuro.

Dizer que jornais vão morrer é blablablá. Vão tomar um rumo diferente e, para desgosto do ego do jornalistas mais à antiga, as publicações tradicionais deixarão de ter a função central que hoje ocupam no coração da opinião pública, como também disse o Juan Luis Cebrián, diretor do "El País" citado na primeira linha da coluna.

Quer mais sinais da migração da mídia tradicional para a rede? Pois tem. Agora mesmo o grupo Time resolveu matar a revista "Business 2.0", referência para o mercado de novas tecnologias durante muitos anos. A revista morreu por falta de anunciantes, claro. Está minguadinha, dá até pena. Tenho um exemplar dos áureos tempos, com mais de 300 páginas - a maioria, anúncios. Agora, partirá rumo ao além. Por lá já estão publicações do mesmo tipo, como a "Industry Standard", que chegou até a ter uma edição brasileira durante alguns meses, no ano 2000, mas saiu de circulação depois que a bolha explodiu, assim como tanta gente boa. O último número da "Business 2.0" sairá mês que vem. O site da revista continua na ativa, mas não se sabe até quando. A seguir o caminho de seus pares já falecidos, sei não...

Em tempo: o grande xis da questão é que ninguém sabe exatamente qual o modelo de negócios que vai vencer no mercado online de notícias. Daí a série de tentativas e erros que temos acompanhado nos últimos tempos. E o fim não está próximo. Afinal, a participação do prezado leitor é cada vez mais necessária. Quem está ligadíssimo nessa mudança, aliás, são as fabricantes de ferramentas de publicação, como bem lembra um amigo da coluna. Veja-se o Me- On-TV, que permite ao usuário publicar
vídeos diretamente de celulares ou smartphones. É uma parceria entre a Ericsson, a Triple IT e a Endemol International. Endemol? Ela mesma, a dona do Big Brother. Já viu onde isso vai parar, né? Finep: para todos O pessoal da área de tecnologia já deve ter visto o edital Subvenção Econômica à Inovação, lançado há duas semanas pela Finep. É o principal instrumento para incentivar a inovação tecnológica no país, especialmente o setor de TI. São R$ 450 milhões para projetos inovadores em áreas estratégicas, incluindo produção de biocombustíveis, equipamentos de acesso à TV digital e remédios para hanseníase e tuberculose. Empresas de setores tradicionais como construção civil e fruticultura também poderão concorrer.

Só que nem todo mundo está feliz com o edital. Parece que a distribuição das verbas está meio desequilibrada em relação à demanda. Confira, pois, o alerta do Benito Paret, do Seprorj: "Este ano não há uma categoria geral, como havia no ano passado. Analisando o resultado de 2006, vamos verificar que: "1) Biodiversidade vai receber R$ 100 milhões, embora em 2006 os projetos desta área tenham totalizado apenas R$ 12 milhões (tinham disponíveis pelo edital R$ 30 milhões); "2) A área de biocombustíveis também vai receber R$ 100 milhões, mas no ano passado todos os projetos da área totalizaram pouco mais de R$ 7 milhões; "3) Software e TV digital, no ano passado, ficaram com R$ 68 milhões, e este ano terão R$ 100 milhões - mas com somente cinco linhas de participação, e muito restritas. "Ainda olhando para os resultados de 2006 (pág. 23 da apresentação), observamos que a grande demanda da área aeroespacial saiu dos projetos da Embraer.

"Outro fato importante é que o prazo para apresentação de projetos é 24 de setembro, menos de 17 dias após a divulgação de um edital desse porte. "Como tudo indica, sobrará muito dinheiro. Em 2006, o dinheiro que sobrou foi para a categoria geral - e este ano???" Taí o registro - por sinal, bem pertinente. Dólar baixo... A TIM registrou, durante as férias de julho, aumento de 48% no uso de roaming internacional em ligações originadas nos EUA, em comparação ao mesmo período do ano passado. O tráfego de ligações originadas na Argentina também cresceu 48%. Há quem diga que o bom resultado se deu graças ao dólar baratinho, que incentivaria a tagarelice em trânsito REGISTRE-SE: Especializada em desenvolvimento de softwares para a área médica, a AARTI acaba de ganhar o prêmio Rio Info 2007, na categoria empresa-semente. Em tempos de concorrência acirrada, não deixa de ser um reconhecimento importante.

Nelson Vasconcelos - O Globo


Nenhum comentário:

Postar um comentário