sexta-feira, agosto 22, 2008

Conceitos nas empresas estão muito repetitivos, diz Bartoli

21Ago2008 - Diz a cartilha corporativa que é fundamental o RH ter conhecimento do negócio da companhia. Essa é uma meia verdade. “O mundo organizacional precisa expandir seus horizontes e ter o conhecimento do mundo em que está inserido”, defende Jean Bartoli, professor do Ibmec, da FGV e da FIA (ligada à FEA-USP). Esse processo, explica, só é possível com um processo de humanização dos executivos, que têm se transformado em verdadeiras máquinas operacionais, cuja capacidade de reflexão acerca do que realmente vale a pena está comprometida.

“Os conceitos nas empresas estão muito repetitivos e formatados, e isso acontece porque um debate mais profundo sobre todas as questões praticamente inexiste”, defende. Essa carência de pensamento – cujos resultados são catastróficos -- se dá porque o ser humano não tem a consciência de que ele é múltiplo, exerce funções variadas dependendo da situação e que, mais importante, todas as personas estão intimamente interligadas. “A decisão profissional de uma pessoa com certeza terá reflexos na sua vida como consumidor, investidor ou cidadão”, afirmou Bártoli em sua exposição no Conarh (Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas), no dia 21 de agosto. Na realidade, mais do que uma palestra, a apresentação do professor foi uma provocação.

Bartoli acredita ser inócuo todo o discurso de se desenvolver pessoas, investir rios de dinheiro nisso se não for alterada a estrutura que dá base a todo esse processo. “É preciso estabelecer relações mais sólidas e alicerçadas na confiança”, diz. “Afinal, não adianta uma empresa contar com profissionais talentosos, se eles forem uma série de ilhas que não se comunicam”, complementa.

Para construir essa relação de confiança, alguns passos são apontados por Bartoli, todos eles orientados pelo questionamento do que realmente possui valor: proporcionar aos colaboradores experiências interessantes; ter consciência do quanto estamos dispostos a renunciar; manter a coerência entre discurso e prática e analisar com critério quais são nossos reais limites.

E o RH nessa história toda?

A função do departamento de Recursos Humanos nesse cenário de caos é decisiva, uma vez que um de seus maiores poderes – muitas vezes negligenciado – é o de influenciar pessoas.

E é com esse poder nas mãos que o RH, nas palavras de Bartoli, deve “humildizar” as pessoas e as empresas, dando a elas a noção de sua fragilidade e vulnerabilidade; “humorizar”, deixando o ambiente mais leve e, conseqüentemente, produtivo; e liderar o processo de “desbabaquização”, com intuito de incutir na cabeça dos executivos que eles são falíveis e frágeis. Trata-se de tarefas tão complexas quanto fundamentais. Haja sabedoria. “Precisamos abrir novas portas sempre. Jamais fechá-las”, conclui.

Fonte: Lucas Toyama

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